UM HERÓI DO ARAGUAIA
Cabo Odílio Cruz Rosa
Hás de voltar, meu filho! E não voltaste.
Pelo bem do País que tanto amaste
o teu corpo caiu, morreu teu passo.
De tua mocidade generosa
ficou somente a farda gloriosa
tinta de sangue. E o capacete de aço.
Tua mãe chora sempre a tua falta.
Árvore frágil para ser tão alta,
a precisão de um tiro traiçoeiro te cortou
as promessas risonhas de fartura,
o desejo de glória ou de ventura,
o civismo sem par que te abrasou
(Oliveira Ribeiro Neto)
Jorge Alberto Forrer Garcia – Coronel R1
Um preito de reconhecimento.
Aprendi, desde as primeiras letras e ainda nos bancos
da catequese, que todas as pessoas são iguais em
essência. Por isso, ao acompanhar o noticiário sobre a
busca de ossadas humanas na região onde houve a
guerrilha do Araguaia, causa-me estranheza a forma
desigual como são tratadas as personagens daquele
episódio histórico.
Os jovens integrantes de organizações de esquerda
que lá estavam para instalar um foco guerrilheiro,
por influência de seus chefes partidários, pensavam
derrotar a chamada "ditadura militar", a fim de
"restabelecer a democracia" no Brasil. Na verdade,
era a senha para a implantação sim de uma forma
radical de comunismo, fosse aos moldes da China,
de Cuba ou, surpreenda-se, até da Albânia.
Hoje, aqueles jovens são tidos pela imprensa como
"idealistas fuzilados pelo Exército", num
endeusamento que já vem de anos. Como se, dentre
as forças em presença, só a eles fosse concedida a
prerrogativa de serem heróis e idealistas.
Pouco ou nenhum caso é feito para com os militares
de todas as Forças que para lá seguiram a fim de
debelar o foco guerrilheiro. Desta forma, torna-se
digno de nota que a chamada grande imprensa não
procure destacar as condições nas quais foi morto o
Cabo do Exército Odílio Cruz Rosa – o Cabo Rosa –
que, este sim fuzilado pelos guerrilheiros treinados
em Pequim/China e Cuba, veio a ser a primeira
vítima fatal da guerrilha, apanhado numa
emboscada desencadeada pelos "idealistas",
morrendo a oito de maio de 1972.
O Cabo Rosa, justamente por ser Cabo, também era
jovem. Tinha pai, mãe, irmãos, amigos. Tinha gostos,
aspirações, preferências, torcia por um time ... E por
que então não é resgatada a sua história de vida ou,
pelo menos, as circunstâncias de sua morte?
Certamente, não daria muito trabalho à imprensa.
Sua história seria fácil de contar, pois, afinal, foi uma
vida simples, sofrida como a de tantos outros jovens
brasileiros. Porém, foi curta, interrompida bem cedo,
pelo chumbo dos idealistas, estes, por sua vez, já
retratados em vários filmes patrocinados com verbas
públicas. Para ser justo, devo destacar o estudo da
vida do Cabo Rosa feito pelos jornalistas Thais Morais
e Eumano Silva em livro do ano de 2005, mas que,
por seu preço elevado, ficou confinado a um grupo
restrito de leitores.
Acredito que boa parte das pessoas que procuram
informar-se pelos jornais gostaria de saber como está
vivendo, se ainda viva, a senhora mãe do Cabo Rosa,
com a mirrada pensão militar que o filho falecido lhe
legou. Como estão seus irmãos e amigos, que não
tiveram a oportunidade de se auto-exilarem e
formarem-se em cursos superiores de elevado nível
no exterior? Ou considera-se que, em essência, a dor
e a saudade dos familiares do Cabo Rosa são menos
dolorida e sentida que a de outros? O Brasil não
nasceu quando os jovens jornalistas atualmente em
serviço terminaram suas faculdades, nem nasceu
com o fim dos governos revolucionários pós-1964.
O Brasil nasceu bem antes e construiu sua História
ao longo dos séculos, criando, desenvolvendo,
aperfeiçoando e tornando permanentes certas
instituições, como a Justiça, por exemplo; como as
Forças Armadas, por exemplo; como o Exército
Brasileiro, por exemplo.
Por isso, quando os militares receberam a missão
de neutralizar o foco guerrilheiro, não saíram por aí
qual um "bando" de facínoras que fuzilava
idealistas. Integravam sim uma força armada
legalmente constituída e taticamente
organizada, em combate – destaco: combate -
contra uma outra força, também armada, que lhe
opunha resistência. Se a força guerrilheira (e ela
própria assim se intitulava) era mal armada, mal
alimentada, mal vestida, mal suprida, enfim, mal
comandada, quem deve responder são os ícones
partidários. Alguns já são falecidos, mas outros
estão aí, bem vivos. Quem sabe eles, ou seus
partidos políticos, possam também ser acionados
judicialmente e responsabilizados pelas mortes dos
idealistas insidiosamente afastados de suas
famílias e enviados para o Araguaia?
Tomo o caso do Cabo Rosa como emblemático.
Sei de outros militares que combateram a guerrilha
– tanto na cidade como no campo – que foram
mortos ou feridos, e há ainda aqueles aos quais os
jovens idealistas não concederam nem o supremo
orgulho de morrerem combatendo, matando-os à
traição. Todos tinham famílias. Como elas estão
hoje? Senhores, "Cabo Rosa" não é apenas o nome
de uma clareira perdida na mata, onde, conforme
os jornais, militares fuzilavam idealistas. "Cabo
Rosa" é nome dado pelo Exército a uma base de
instrução especializada localizada às margens da
Rodovia Transamazônica, onde "outros jovens
idealistas" são muito bem treinados na arte da
guerra na selva. "Cabo Rosa" é, antes de tudo o
nome de um verdadeiro herói. E o Exército cultua
seus heróis. Ou, modernamente, ser herói é uma
questão partidária ligada ao pensamento
"politicamente correto"?
O que diriam a "Dona" Olindina e o "Seu"
Salvador, pais do Cabo Rosa?
Os filhos dos outros são tidos como heróis. E o filho
deles? Não?
Se a todos os idealistas e familiares for concedida
certa reparação econômica, a família do Cabo Rosa
também será contemplada?
22 de julho de 2009
Jorge Alberto Forrer Garcia – Coronel R1
“Quem morre pela pátria vive eternamente.”
Robert Gani
domingo, 2 de agosto de 2009
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PREZADOS IRMÃOS DE FARDA, SOU O 1°SGT R/1 JAYME GUILHERME COUCEIRO, QUE EM NOVEMBRO DE 1973 INTEGROU O CONTINGENTE FORMADO POR MILITARES DA BRIGADA PARAQUEDISTA, COMPOSTO POR CEM HOMENS E DENOMINADO GUAÍRA. NAQUELA ÉPOCA EU, CB COUCEIRO E MEUS COMPANHEIROS, TODOS SELECIONADOS E TREINADOS INTENSIVAMENTE POR TRES MESES, SEGUIMOS PARA REGIÃO DO ARAGUAIA SOB O COMANDO DO ENTÃO MAJ NILTON NAZARETH CERQUEIRA. A MISSÃO ERA DEBELAR UM FOCO DE GUERRILHEIROS DO PCdoB QUE HAVIAM SE INSTALADO NO SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ E RESTABELECER A ORDEM NAQUELA REGIÃO. E ASSIM, AOS 22 ANOS DE IDADE,DEIXEI MINHA ESPOSA GRÁVIDA DE QUATRO MESES, MEUS PAIS, IRMÃO E AMIGOS E SEGUI RUMO AO CUMPRIMENTO DO DEVER. DECOLAMOS DO RIO DE JANEIRO EM AVIÕES DA FAB NO DIA 18 NOV 73 E CHEGAMOS EM XAMBIOÁ-TO NA MADRUGADA DO DIA 19-NOV-73. NAQUELA CIDADE, AS MARGENS DO RIO ARAGUAIA SITUAVA-SE A BASE DE OPERAÇÕES CONTRA GUERRILHA, ONDE ERAM DESENVOLVIDOS OS TRABALHOS DE INTELIGÊNCIA E DE ONDE PARTIAM AS PATRULHAS TRANSPORTADAS EM HELICÓPTEROS PARA AS BASES DE SELVA. ESSAS BASES ERAM SITUADAS A PARTIR DA CIDADE DE SÃO GERALDO DO ARAGUAIA-PA E SE INTERIORIZAVAM CONFORME A NECESSIDADE DA MISSÃO. ASSIM, SOB O COMANDO DO TEN RENATO JOAQUIM FERRAREZI(ATUALMENTE GEN DIV E CMT DO CMO) INTEGRANDO A PATRULHA ECHO 1, PERMANECI EM COMBATE POR 75 DIAS, TENDO PARTICIPADO DE VÁRIOS ENFRENTAMENTOS COM OS "GUERRILHEIROS DO ARAGUAIA" (POVO DA MATA) QUE COMPUNHAM AS FORGAS (FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA). PORTANTO, POSSO AFIRMAR QUE NINGUÉM FOI MORTO TRAIÇOEIRAMENTE COMO FOI O NOSSO HERÓI CABO ROSA. TODOS INIMIGOS QUE ENFRENTAMOS FORAM MORTOS COM ARMAS NAS MÃOS, QUE CERTAMENTE NÃO SERIAM USADAS APENAS PARA MATAR CAITITÚS. EM ABRIL DE 1974 FUI CONDECORADO COM A MEDALHA DO PACIFICADOR COM PALMA. HOJE, DECORRIDOS TANTOS ANOS, ASSISTO COM TRISTEZA O TRATAMENTO DIFERENCIADO E DEPRECIATIVO DISPENSADOS AOS VERDADEIROS HERÓIS, QUE FORAM TRANSFORMADOS EM VILÕES DA HISTORIA COMTEMPORÂNEA DESSE NOSSO AMADO BRASIL. QUERO PRESTAR AQUI A MINHA HOMENAGEM AO CABO ROSA, ASSASSINADO CRUELMENTE POR OSWALDÃO E SEU BANDO. TENHA CERTEZA COMPANHEIRO, VOCE É UM GRANDE HERÓI, DESTES A VIDA POR ESSA PÁTRIA QUE MUITOS DIZEM AMAR, PORÉM, SÓMENTE A NÓS CABERÁ SEMPRE DEFENDER! SELVA!
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