sábado, 13 de novembro de 2010

PARA NÃO ESQUECER - DATAS COMEMORATIVAS.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - 15 de novembro de 1889

“A noite desceu sobre a cidade do Rio de Janeiro. Uma noite igual às outras. (...) A cidade dorme. Dorme Isabel, a princesa, em seu palácio nas Laranjeiras. Dorme também o Conde d’Eu, comandante-geral da Artilharia e marechal do Exército. Dorme arquejante Deodoro, cujo estado de saúde se agravou. Dormem muitos conspiradores, que aguardam chegar o dia 20, data marcada para fazer a república.

Os quartéis, entretanto, estão em atividade. Espalhara-se pela guarnição o boato de que Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo tinham sido presos, e que Benjamim Constant e Deodoro da Fonseca também o seriam. Revolta-se o I Regimento.

Por isso, [o Visconde de] Ouro Preto não dorme. Informado, comanda a resistência. Segue para o Arsenal da Marinha e de lá para o Quartel-General, onde se reunirá o Ministério.

Também os conspiradores vão sendo avisados e não pretendem perder a oportunidade. Os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha aderem aos republicanos. Benjamim Constant providencia apoio da tropa do quartel de São Cristóvão, que sai às ruas.

Três horas da manhã. Alguém acorda Deodoro e conta-lhe a situação. O velho marechal esquece a doença. Levanta-se, veste-se, arma-se de um revólver. (...)

Próximo ao gasômetro, Deodoro encontra-se com as tropas de São Cristóvão e dirigem-se para o Quartel-General. Em pouco, a sede do Ministério estava sitiada pela artilharia. Deodoro, a cavalo, vê chegar a carruagem de um ministro retardatário, o Barão de Ladário, e manda detê-lo. Ladário reage e cai ferido por uma bala. Mostrava-se a determinação republicana.

Do outro lado, a obstinação dos monarquistas. Ouro Preto pretende resistir. Manda que o Marechal Almeida Barreto assuma a defesa do Quartel-General. Em obediência, Almeida Barreto sai à frente de uma coluna. Defronta-se com Deodoro. Conversam, o monarquista hesita e, por fim, cede. Apoiaria Deodoro. Ouro Preto joga sua última cartada. Em termos ásperos, ordena ao ajudante-general que vá rechaçar os atacantes com os meios de que dispõe. Mas ele lhe responde:

Os galões que possuo, Exa., foram ganhos nos campos de batalha e não por serviços prestados aos ministros’. Era Floriano Peixoto.

Ouro Preto, velho homem de Estado, sabe agora que a causa está perdida. Não se rende. Aguarda apenas que Deodoro invada o quartel e decida seu destino. O marechal ataca e não encontra resistência.”

“(...) Deodoro monta outra vez a cavalo e põe-se à frente da tropa. Era a alvorada de 15 de novembro. A notícia da queda do Ministério já começara a circular. Uma multidão se comprimia pelas ruas próximas. Deodoro da Fonseca arranca o quepe e o agita no ar com um grito: ‘Viva a República Brasileira’.

A multidão aplaude. Nenhuma resistência. Estava feita a República.”


(Trechos extraídos do livro Grandes Personagens: História do Brasil, Volume III, da Editora Abril Cultural)


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