Brasília poderá enviar a outras unidades do Exército cães treinados
Com a inauguração do Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília - BPEB, o EB poderá enviar cachorros treinados para as unidades do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do Brasil. Adestramento garante o bom desempenho dos cães
Publicação: 09/02/2011
O dia a dia de um profissional que trabalha com cães de guerra exige atenção e sintonia milimétrica com o animal: reflexos caninos são rápidos e um descuido por resultar em acidente.
Prestes a abrigar importantes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o Brasil está se preparando para intensificar a segurança. Uma das medidas é o aumento da matilha de guerra, o que pode ser possível a partir da recente inauguração do Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. A unidade será a maior do país no gênero e, além de adestrar, fará melhoramento genético direcionado. A expectativa é que 28 animais sejam enviados anualmente para unidades do Exército no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste do Brasil. Outras polícias, como a Federal e a Militar, bem como unidades das Forças Armadas, também poderão solicitar os cachorros treinados ao Exército.
Os cães melhorados e treinados no centro atuarão como farejadores e serão adestrados para o controle de distúrbios, como brigas e confusões em massa. O primeiro centro do tipo foi criado em São Paulo há três anos e está com 20 cães. No ano passado, 17 deles foram enviados para outras unidades do Exército e das polícias — nesse número também estão contabilizados os cães doados pela população civil e repassados a outros donos também civis. O Canil de Brasília tem 40 animais e, se seguir o planejamento do número de cães a serem distribuídos, a matilha qualificada aumentará consideravelmente em todo o país, tornando possível suprir unidades carentes de animais. O chefe da Seção de Cães de Guerra de Brasília, capitão veterinário Alexandre Cirne de Paula, conta que em 2006 precisou ir para o norte de Mato Grosso com os cachorros de Brasília para ajudar no resgate do acidente do avião da Gol. “Não estamos aqui parabrincar, estamos criando cães com vocação militar”, afirma.
Cidade estratégica
Cão morde o alvo e não solta
A escolha de Brasília para sediar as novas instalações em muito se deve à localização geográfica privilegiada da cidade: estando centro do país, a distribuição fica mais fácil. “A estrutura de pesquisa da capital e os eventos internacionais que Brasília abriga também influenciaram nessa decisão”, conta o comandante do Batalhão, tenente-coronel Carlos Pontual Lemos. No Batalhão de Brasília já existia um canil de cães de guerra; e, para a instalação do centro de reprodução, foram gastos R$ 500 mil em construção e R$ 210 mil em equipamentos. O Canil de Brasília é composto por animais das espécies pastor-alemão e pastor-belga de Malinois. “São raças que têm resistência física maior e maior aptidão para lidar com as situações-limites a que o cão é submetido em ação”, explica Fernanda Velasque, responsável pelo laboratório de patologias clínicas da Seção de Cães de Guerra.
O treinador testa a resistência do cão
Os cães considerados de guerra são aqueles com faro adestrado, obediência e capacidade de proteger o militar e o civil em caso de perigo. Todos os cães de Brasília são filhotes de animais belgas campeões mundiais de performance da categoria. “A gente busca os melhores reprodutores do mundo. Se temos um cão campeão na Bélgica, mandamos uma fêmea para cruzar ele e trazer os filhotes”, conta o capitão de Paula. Por causa dos cuidados e da linhagem do animal, os nascidos no centro de referência custam, em média, R$ 8 mil reais. O Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília tem 30 funcionários, sendo quatro veterinários. A unidade está aparelhada com dois consultórios, sala de imagem em raios e ultrassom, dois centros cirúrgicos, laboratório de patologia clínica e sala de recuperação cirúrgica.
A performance
Cães de guerra são utilizados em funções policiais, como patrulhamento, policiamento de pessoal, guarda de instalações militares, detecção de drogas e de explosivos. Possuem um faro apurado e disposição para o combate direto.
PARA SABER MAIS
Velho combatente
Os primeiros registros de uso do cão para fins militares e de sentinela aparecem nas civilizações egípcias e gregas. Os romanos foram além: equipavam alguns dos seus cães com coleiras perfurantes e armaduras. Os conquistadores espanhóis também utilizaram cães de ataque durante a invasão da América. Na Segunda Guerra Mundial, o Exército Soviético usou cachorros com explosivos para detonar alguns lugares e também para farejar minas. A importância dos animais foi tamanha que testemunhas da Parada da Vitória realizada em Moscou em 24 de junho de 1945 se lembram de um destacamento de cães desfilando pela Praça Vermelha. Em regiões com minas, como Afeganistão e Iraque, os cães são utilizados como farejadores de bomba.
Conheça
A Seção de Cães de Guerra do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília também atende cães da comunidade. As consultas custam R$ 50,00 e o diária do hotel, R$ 20,00. Endereço: Setor Militar Urbano — Av. Duque de Caxias, Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.
Um presente do sempre PE. VALDIR NOBRE.